terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Câncer de Modinha

Ela, que foi, é, vai e vem, ridiculariza em um momento e exulta no outro, está tão intrinseca no pensamento humano que até o mais sério e culturado homem acaba se dando ao luxo de fazer parte dela. Sim amigo leitor, como o título diz, falaremos sobre a moda que invade a minha, a sua casa sem nem sequer bater.

Não tenho toda a experiência de um sábio ermitão, mas já vivi tempo suficiente para contemplar toda a moda que fez parte da minha infância, adolescência e agora domina os pensamentos dos jovens universitários.

Lembro do colégio, logo naqueles primeiros anos onde as inocentes e amáveis crianças brincavam e não ligavam se você era gordo, magro, bonito ou feio... Ok, não era assim. Ali, esse estigma que rodeia nossa vida social era presente, de um modo mais... infantil, mas estava ali.

Sou da época que o aluno bom era enquadrado no título de CDF, e não no disputado nerd cult de hoje, que sabe de tudo e ensina como os mais "lerdos" podem se dar bem na vida. Eu fazia parte dos CDF. Minha mãe penteava meu cabelo com gel pro lado, lembro como se fosse ontem. As notas boas, os amigos que gostavam de falar só de Super Nintendo e Mega Drive, tudo isso me levava a um mundo rodeado de estigmas criados não para exaltar as pessoas que hoje fazem parte desse mundo, mas sim para mostrar que você não se enquadrava ao modo skatista da época.
E sempre tinha o cara na sua sala que mesmo que não soubesse nem ficar de pé no skate, era mil vezes melhor que você, que jogava Tony Hawk's 1, tentando mostrar ao mundo que você também sabia do assunto. Sabia sobre, mas não tinha nem idéia de como fazer aquilo.

O tempo foi passando e por um bom tempo a moda ficou sendo o topetinho loiro. Ali, no alto dos meus 12 ou 13 anos, até minha mãe insistia pra que eu fizesse parte dessa nova onda que dominava os colégios paulistanos. Mas ela esquecia que dois anos atrás eu estava no grupo dos CDF's, que tinham orgulho próprio e sabiam que o tal topetinho era feio demais.

Passada essa parte da vida, veio a moda do Super Trunfo.
Todo mundo na minha sala, jogava Super Trunfo. Até os descolados surfistinhas de body board tinham um baralho daquilo, e todos nós perdíamos nosso recreio sentados em roda, lutando para ganhar da Ferrari Enzo.

Depois disso, uma onda retrô atingiu o mundo em que eu estava inserido tão acostumadamente. Foi a época de empinar pipa, jogar pião na rua, as malditas bolinhas de gude... enfim, tudo aquilo que fez parte da diversão dos meus pais, estava de volta.

O tempo foi passando e quanto mais a gente cresce, mais vemos que o legal é não se enquadrar em nenhum desses tipos. Ter um estilo próprio, gostar das coisas que realmente te fazem bem e nao ligar para as modinhas, te fazem uma pessoa única, te fazem importante.
Hoje, após a extinção dos antigos emos, do inicio do fim dos coloridos, me pego pensando: "Qual será a próxima onda?"

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